cover
Tocando Agora:

‘Ele debochou da minha filha?’, questionou mãe de jovem morta em academia de Copacabana após nota estabelecimento

Dayane de Jesus, de 22 anos, passou mal e morreu no local. Estabelecimento chegou a ser interditado pela polícia, mas voltou a funcionar após donos apresentarem desfibrilador recém-adquirido

‘Ele debochou da minha filha?’, questionou mãe de jovem morta em academia de Copacabana após nota estabelecimento
‘Ele debochou da minha filha?’, questionou mãe de jovem morta em academia de Copacabana após nota estabelecimento (Foto: Reprodução)

A academia em Copacabana onde Dayane de Jesus, de 22 anos, morreu enquanto fazia exercícios, publicou um comunicado na noite de quinta-feira para avisar da retomada das atividades nesta sexta. A imagem é acompanhada por um texto que ironiza profissionais e clientes que se manifestaram durante o fechamento temporário. O amigo da família, Raphael D'Ávila, contou que logo de manhã a mãe da jovem, Rose de Jesus, o encaminhou a imagem e questionou: “eles estão debochando da minha filha?”. Dayane foi sepultada nesta sexta-feira.


— Ela ainda falou: “tem dois dias que a minha filha veio a óbito e olha o que ele está falando aqui”. Tudo que a gente faz são escolhas, então você tem vários caminhos. Ele poderia falar sobre a reabertura, mas sem esquecer o que aconteceu — conta ele.


Raphael foi quem foi avisado pelos funcionários da academia quando a amiga passou mal. Ele correu para levar a mãe de Dayane ao estabelecimento. Ao chegarem, uma ambulância do Samu e carros de polícia estavam no local. Ele conta que Rose só entendeu o que estava acontecendo quando um dos paramédicos desejou “força, mãe”. O personal trainer ainda critica que a academia não buscou a família.


— É sua função é dar apoio, e se você não tem essa empatia, fica em silêncio — conclui ele.


A direção chegou a afirmar, na postagem de quinta-feira, que quem discordava da postura adotada pela unidade após a morte de Dayane, seja cliente ou funcionário, deveria deixar o espaço. "Mas também serviu para ver qual cliente / funcionários fecham com a empresa. Aos que trabalham na empresa como personal e discorda, cai fora... Ninguém está aqui obrigado... A empresa tem dono! Não gostou, é só sair...", diz um trecho do comunicado.


Relembre o caso


Dayane morava em Copacabana e fazia academia numa unidade também no bairro. Na última terça-feira, segundo testemunhas, a jovem treinava no espaço por volta das 19h quando passou mal, caiu no chão e foi atendida por outro aluno, que seria médico. O local foi interditado no dia seguinte pela Polícia Civil. Segundo as investigações da 12ª DP (Copacabana), não havia desfibrilador no local, além de a direção descumprir normas administrativas de socorro na unidade.


— O cerne da investigação é verificar se o desfibrilador poderia evitar a morte da aluna. Caso fique comprovado que o equipamento poderia ter salvo a vida dessa jovem, o responsável da academia pode responder por homicídio culposo, uma vez que ele não adquiriu um equipamento obrigatório para salvaguardar a vida dos alunos — afirmou Lages.


Uma lei municipal do Rio aprovada em 2022 ampliou os locais obrigados a ter ao menos um desfibrilador para ajudar no socorro, incluindo as academias. A norma diz ainda que os responsáveis devem preparar as equipes para usar o equipamento. Antes, de acordo com o ordenamento estadual de 2021, apenas centros de treinamento deveriam contar com ele.


Segundo o delegado Angelo Lages, titular da 12ª DP, o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) foi inconclusivo, e um laudo complementar mais detalhado foi solicitado para saber a causa da morte de Dayane. O resultado deve ficar pronto em 30 dias.


Em nova visita ao estabelecimento nesta quinta-feira, agentes do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (IVISA-Rio) e da Polícia Civil fizeram uma vistoria. "Os proprietários apresentaram o desfibrilador recém-adquirido e o estabelecimento foi desinterditado", diz a resposta da pasta.


Outros comunicados


A publicação da academia destaca ainda que os alunos terão três dias acrescidos ao contrato para compensação do tempo da interdição, e que, nesta sexta-feira, o funcionamento seria em período normal, segundo consta o aviso. "A vida é um sopro, mas vamos vivê-la intensamente! Bom treino nesta sexta-feira!!!", diz parte do comunicado. A publicação não tem espaço para comentários, mas recebeu interações por curtidas.


Uma hora antes de divulgar este comunicado, na noite de quinta-feira, também através de seu perfil, a academia publicou uma "nota oficial" assinada por advogados que comunicava sobre o "reestabelecimento imediato das atividades". "Inicialmente, a academia lamenta, com veemência, a fatalidade ocorrida no último dia 20. Desde o ocorrido, a academia se colocou à disposição da família e dos amigos de Dayane para o que se fizesse eventualmente necessário", diz um trecho do documento.


Nesta sexta-feira, os advogados que representam a academia divulgaram outra nota à imprensa. No comunicado, afirma que o estabelecimento "sempre atuou em consonância com as diretrizes e recomendações do Conselho Regional de Educação Física da 1ª Região (CREF1/RJ)" e que "esclarecimentos necessários estão sendo feitos perante a autoridade policial".


A nota diz ainda que "conclusões antecipadas são especulativas e desrespeitam o luto da família e amigos de Dayane".


fonte: Site O Globo

Comentários (0)